por Lo-Chi
Toda ela é campo, musgo, canto, montanha, planície,
cheiro a terra molhada, fetiche, flor silvestre, de orvalho atoalhada, relva agreste,
capim, plantada em mim.
Seu andar, música divina, trauteio de um canto, no
qual me encanto, me anima, em cada esquina que
passar a vejo. Tem curvas de apetência, de aventuras; umas suaves,
outras apertadas perigosas.
Sua boca a doca, onde a minha se atraca, com a sua se
abraça. Manga, castanha, sumo de cajú, mafurra, chindú, são os sabores. Fruto
de abelha, mel, as palavras, de carinho debruadas, pele, a minha se arrepia, no
sussurro de cada uma. Seu falar, trinar de passarinho, de mansinho, a alegria se
expressa, simples, natural, harmonia e sedução, verdade emoção, nessa
sinfonia.
Olhos seus, chindus são, em cada mirada, reluzentes,
sei que não mentes, nesse brilho infindo. O olhar; a frescura do nascer do sol,
o calor luminoso do meio-dia, do pôr-de-sol a expectativa, e da noite o enigma.
Fino, o corpo tropical, tecido celestial, de África
tem o tom, onde sai o hino angelical. Árvore é, palmeira, no seu jeito
fagueira, quem disse que era; fruta é, tôgôma, manga, mathiêlê; jambalão,
anona. Nua, é a lua: cândida, argêntea, suave, iluminada. Seu abraço, água de
lanho, me amasso nesse banho. Seu ventre, colcha, lisa acolhedora, concha, a
cama, de quem dormir adora, nos braços de quem é âncora.
Sua coxa, percorrida, no compasso e na corrida, prelúdio
de magias, feitiços e arrepios, me enlouquece. Sua erva negra me envaidece,
traz promessas, de quem sem pressa, chega a flor de pétalas da vida. A flor se
desabrocha, se abre, devagar, devagar, devagarinho, meu passarinho, de mansinho,
em minha mão aconchegada, gruta acolhedora, fonte de águas de prazeres, desagua, o mar do nosso amor. A
flor, feita de pétalas coloridas, recebe a vela, falo, mastro, música de galo,
que a madrugada presenteia, a união da noite e do dia. Quem sabia? Eu apenas
intuía, que no ardor que não doía, pássaro livre no desfalecer, suga enxuga,
espasmo que amo. Desfalecidos, a sobremesa na conversa se faz, mãos serenas
amenas, passeiam em nós, nós desfeitos, com peitos arfantes; amantes.
in " retrato de mulher"
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