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domingo, 11 de agosto de 2013

Malaika


por Lo-Chi

Toda ela é campo, musgo, canto, montanha, planície, cheiro a terra molhada, fetiche, flor silvestre, de orvalho atoalhada, relva agreste, capim, plantada em mim.

Seu andar, música divina, trauteio de um canto, no qual me encanto, me anima, em cada esquina que  passar a vejo. Tem curvas de apetência, de aventuras; umas suaves, outras apertadas perigosas.

Sua boca a doca, onde a minha se atraca, com a sua se abraça. Manga, castanha, sumo de cajú, mafurra, chindú, são os sabores. Fruto de abelha, mel, as palavras, de carinho debruadas, pele, a minha se arrepia, no sussurro de cada uma. Seu falar, trinar de passarinho, de mansinho, a alegria se expressa, simples, natural, harmonia e sedução, verdade emoção, nessa sinfonia.

Olhos seus, chindus são, em cada mirada, reluzentes, sei que não mentes, nesse brilho infindo. O olhar; a frescura do nascer do sol, o calor luminoso do meio-dia, do pôr-de-sol a expectativa, e da noite o enigma.

Fino, o corpo tropical, tecido celestial, de África tem o tom, onde sai o hino angelical. Árvore é, palmeira, no seu jeito fagueira, quem disse que era; fruta é, tôgôma, manga, mathiêlê; jambalão, anona. Nua, é a lua: cândida, argêntea, suave, iluminada. Seu abraço, água de lanho, me amasso nesse banho. Seu ventre, colcha, lisa acolhedora, concha, a cama, de quem dormir adora, nos braços de quem é âncora.


Sua coxa, percorrida, no compasso e na corrida, prelúdio de magias, feitiços e arrepios, me enlouquece. Sua erva negra me envaidece, traz promessas, de quem sem pressa, chega a flor de pétalas da vida. A flor se desabrocha, se abre, devagar, devagar, devagarinho, meu passarinho, de mansinho, em minha mão aconchegada, gruta acolhedora, fonte de águas  de prazeres, desagua, o mar do nosso amor. A flor, feita de pétalas coloridas, recebe a vela, falo, mastro, música de galo, que a madrugada presenteia, a união da noite e do dia. Quem sabia? Eu apenas intuía, que no ardor que não doía, pássaro livre no desfalecer, suga enxuga, espasmo que amo. Desfalecidos, a sobremesa na conversa se faz, mãos serenas amenas, passeiam em nós, nós desfeitos, com peitos arfantes; amantes.

                                                                                                                        in " retrato de mulher"

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