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segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Parem o mundo, eu quero descer!!!





No permeio de suras, papos e cafutchêtchês
email: suraspapos@­gmail.com
por Lo-Chi






Tempo faz, e que tempo, ouvi esta frase de um conhecido. Na altura, não percebi bem a dimensão do grito, do apelo, e quão desesperante mensagem, ela encerra.

Já fez alguma viagem de barco, em pleno mar alto, e apanhando aquele enjoo que lhe traz irremediavelmente vontade de tirar tudo, e tirando; comida, líquidos, estômago, até aos intestinos, e se pudesse, até a alma se mandava para o diabo; e  aquele mal estar, mesmo assim não passar?! Não queira, não queira porque, para além da sensação desagradável, é desesperante, pelo psicológico, de não poder desistir da viagem, na prerrogativa que tem, numa viagem terrestre, quando não lhe agrada uma condução, poder pedir para descer. A viagem de barco, não; dá uma  sensação, que só, quem nela esteve, compreende.

Quem veio ao mundo, e nele não se adapta, é o mesmo! Achando este cruel, desagrada, mas não pode desistir, com agravante de ter sido posto, sem ter pedido. Impõe-se-lhe condições de vida, de sobrevivência, tão desgraçadamente cruéis, igual a alguém, que metem-lhe num jogo em que não conhece, nem as regras, nem quem as dita.

Mundo cruel este, onde entre dicotomias estás sempre encurralado. Vê só, no dia a dia, mesmo não sendo político, estás encurralado entre o governo e a oposição. Queres ser um cidadão pacato, não te deixam, complicam-te a vida, põe-te onde não estás, dizes que és apolítico, e lá vem eles com o; se não estás connosco, és contra nós. Merda! Dizes tu, e as tantas, não sabes para onde te virares, e mandas mentalmente para o pqp, como diziamos na infância oprimida, ou mais polidamente: que vá para megera sua mãe.

Se deixas a política, e entras no social, tens por um lado, os abastados, carrão ostensivamente provocador, casa não, mas palácios, muro alto, se isolando, despreocupação completa e chocante com o que lhe rodeia, auto-suficiência, e ficas...ficas, entre ele e o pobre. Se aquele, destituido de consciência, este, o pobre,  destituido de meios, de tal jeito, de fazer dó; mas ao mesmo tempo, metediço, fofoqueiro, com inveja de fazer náuseas, procurando e explorando a dor de outros, para ver se igual ou maior que a dele. E aí, põe-se-te a questão, da honestidade e do vale tudo. Que opção, perguntaste. Inteligência ou esperteza? Burrice ou rectidão? Bondade ou frieza? Oportunidade ou oportunismo??!!

Se pudesses, ao menos solidariedade e outras coisas que tal, encontrar naquele recanto onde a maior parte do tempo passas o tempo, o emprego, talvez algum alento encontrasses para continuar nessa luta titânica e sem quartel. Mas aqui, tal e qual resumido e mais intenso, encontras com uma ferocidade redobrada. E aí fica legítimo dizer: parem o mundo, eu quero descer!

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