No
permeio de suras, papos e cafutchêtchês
email: suraspapos@gmail.com
por Lo-Chi
Tempo faz, e que tempo, ouvi esta frase de um
conhecido. Na altura, não percebi bem a dimensão do grito, do apelo, e quão
desesperante mensagem, ela encerra.
Já fez alguma viagem de barco, em pleno mar alto, e
apanhando aquele enjoo que lhe traz irremediavelmente vontade de tirar tudo, e
tirando; comida, líquidos, estômago, até aos intestinos, e se pudesse, até a
alma se mandava para o diabo; e aquele
mal estar, mesmo assim não passar?! Não queira, não queira porque, para além da
sensação desagradável, é desesperante, pelo psicológico, de não poder desistir
da viagem, na prerrogativa que tem, numa viagem terrestre, quando não lhe
agrada uma condução, poder pedir para descer. A viagem de barco, não; dá
uma sensação, que só, quem nela esteve,
compreende.
Quem veio ao mundo, e nele não se adapta, é o mesmo!
Achando este cruel, desagrada, mas não pode desistir, com agravante de ter sido
posto, sem ter pedido. Impõe-se-lhe condições de vida, de sobrevivência, tão
desgraçadamente cruéis, igual a alguém, que metem-lhe num jogo em que não
conhece, nem as regras, nem quem as dita.
Mundo cruel este, onde entre dicotomias estás sempre encurralado.
Vê só, no dia a dia, mesmo não sendo político, estás encurralado entre o
governo e a oposição. Queres ser um cidadão pacato, não te deixam, complicam-te
a vida, põe-te onde não estás, dizes que és apolítico, e lá vem eles com o; se
não estás connosco, és contra nós. Merda! Dizes tu, e as tantas, não sabes para
onde te virares, e mandas mentalmente para o pqp, como diziamos na infância
oprimida, ou mais polidamente: que vá para megera sua mãe.
Se deixas a política, e entras no social, tens por um
lado, os abastados, carrão ostensivamente provocador, casa não, mas palácios,
muro alto, se isolando, despreocupação completa e chocante com o que lhe
rodeia, auto-suficiência, e ficas...ficas, entre ele e o pobre. Se aquele,
destituido de consciência, este, o pobre,
destituido de meios, de tal jeito, de fazer dó; mas ao mesmo tempo,
metediço, fofoqueiro, com inveja de fazer náuseas, procurando e explorando a
dor de outros, para ver se igual ou maior que a dele. E aí, põe-se-te a
questão, da honestidade e do vale tudo. Que opção, perguntaste. Inteligência ou
esperteza? Burrice ou rectidão? Bondade ou frieza? Oportunidade ou
oportunismo??!!
Se pudesses, ao menos solidariedade e outras coisas
que tal, encontrar naquele recanto onde a maior parte do tempo passas o tempo,
o emprego, talvez algum alento encontrasses para continuar nessa luta titânica
e sem quartel. Mas aqui, tal e qual resumido e mais intenso, encontras com uma
ferocidade redobrada. E aí fica legítimo dizer: parem o mundo, eu quero descer!
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