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terça-feira, 13 de novembro de 2012

O macaco que adorava calcinhas



No permeio de suras, papos e cafutchêtchês
email: suraspapos@­gmail.com
por Lo-Chi




Numa tertúlia de amigos, o Nazaré saiu-me com a história rocambolesca de um macaco, que para os lados de Mualé em Inhambane, quando das suas investidas, nas casas, lá para zona, incluindo a Mafurreira e Santarém, de cada vez que invadia os quintais e encontrasse no estendal roupas, ainda que em presença de cuecas, apenas se dedicava em recolher calcinhas. Desconfiado da veracidade do insólito, perguntei como é que o meu caríssimo amigo sabia do facto, e se não era uma daquelas petas que diariamente nos contam. E ele, peremptório, afiançou-nos que ouvira a história, na Rádio Moçambique, no Café da manhã. Para conferir da veracidade, já porque o meu rádio anda, de uns tempos a esta parte, fora de serviço, indaguei, se era uma crónica, decerto que o leitor sabe porquê, e ele adiantou-me que era uma reportagem, com depoimento das lesadas, despachada a partir da terra da boa gente. Não só porque tenho na minha conta, que o Nazaré é um indivíduo de porte imaculado, em termos de compromisso com a verdade, como também pelo local onde trabalha, vou dando, no mínimo, por verosímil o facto contado. Acrescentou ele, que da última vez, o macaco agredira uma senhora. Ao que perguntei, se a agressão fora sexual, tendo-me respondido que fora puramente física, já que despachara um soco, que fora directo as fuças da incauta madona.









Foto de Lo-Chi





Tanto quanto se pode ver, esse macaco não apenas gostava de calcinhas...adorava coisas boas.











                                                                                             Foto de Lo-Chi

O facto, o último, intrigou-me e levou-me a diversas perguntas, das quais uma ficou-me martelando, posto que encontrava uma estúpida contradição no comportamento do bicho. E a pergunta que não parava de me atormentar, era a razão de que, se ele apenas gostava de calcinhas, como e porquê, em face de uma mulher,  foi agredi-la. Depois de muito cismar, acabei encontrando aqui, não a explicação, mas o paralelismo de muito símio de semelhança humana com comportamento similarmente simiesco. A explicação encontra-se nos antepassados, um pouco na linha do pensamento: diz-me de onde vens e entender-te-ei melhor.

Porém a história não ficou por aqui, o Nazaré foi-nos informando que houve um movimento feminista, ou talvez sexista, que se quis cívico, até nos garantiu que foi o mesmo que se rebelou contra aquela publicidade da preta de malte, que trazia, supostamente, uma mulher quase nua com uma nota nas partes desguarnecidamente íntimas, vejam só. E que também, desta feita, contra o macaco, fizeram uma campanha, instando as autoridades a condenar exemplarmente o nosso mais próximo ascendente, sob pena de se ter uma marcha nacional, com o propósito de pressionar  o  judicial. E dizia o Nazaré, que devido a força e o protagonismo da organização cívica feminista, que está com um poder nunca antes visto, as autoridades com uma velocidade de luz, quase a mesma da cervejeira, fizeram um julgamento sumário ao símio, do qual resultou em sentença de morte, sem direito à apelação, pelo que o macaco foi sumariamente fuzilado. Podemos dizer em resumo: uma acção constitucional, inconstitucionalmente respondida. Por isso, ponham-se à pau os símios que sobraram.



                                                                    

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