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segunda-feira, 12 de novembro de 2012

O político e a suas inatas qualidades


No permeio de suras, papos e cafutchêtchês
email: suraspapos@­gmail.com
por Lo-Chi






O político é a antítese da sua declaração. Tudo que ele diz, que não, é sim. Por isso, o termo politicamente correcto. Politicamente correcto, é falar aquilo que não pensas que é, mas que convém, principalmente, ao político. O correcto para o político é a mentira.

 Exemplificando, os políticos são uma espécie da raça humana, minto e rectifico, uma espécie de raça animal, a mais racista que se pode encontrar, se olharmos para a generalidade. E se  nos concentrarmos em África, além de racistas, eles são os mais tribalistas de todos os tempos. E são eles mesmos, que entretanto na sua estratégia enganosa, fazem um discurso contra isto e aquilo, apregoando igualdades e tais, porém, montando estruturas, sistemas e circunstâncias quase impossíveis de na prática as raças (tribos) menos preponderantes, em número, ou capacidade económica, atingirem lugares cimeiros no poleiro governativo, ainda que com competência reconhecida, porque estes só servem, quando para lhes dar o respaldo, nas suas subidas e realizações. Não nos esqueçamos, que uma das grandes virtudes do político é o cinismo, com uma boa dose de hipocrisia. Vamos ser sinceros e com verdade responder a esta pergunta. Podemos sequer imaginar em Moçambique, amanhã, um Chefe de Estado branco? A resposta mais evidente será que; sim, se for um político talhado nesse dia para a hipocrisia, e irá justificar com o facto de estar consagrado na Constituição; não, se estiver com uma boa dose de cinismo, e justificar-se-à, com o povo não está preparado, saimos agora de um processo de colonização etc. e tal, todos eles a quererem dizer a mesma coisa, mas sem evocar a razão verdadeira e única. Mesmo no país mais democrático do mundo, segundo opinião generalizada, um dos primeiros a conceber um negro no lugar mais alto do poder, nos Estados Unidos, foi um escritor, e isso porque o intelectual olha desprostituidamente para o homem, na sua dimensão humana, de qualidades, virtudes e defeitos. E foi assim que o Irving Wallace, branco importa frisar, nos brindou nos anos 64, um personagem que deu o nome de Douglas Dilman, no seu livro, O Homem, e criou um trama tal, em que um negro retinto foi parar, pela primeira vez, bem antes do Obama, na presidência da grande potência que é a América. E isso só em livro foi possível, mas também conhecendo a realidade, mesmo na ficção, só aconteceu, porque nas probabilidades mais febrilmente animadas, estava fora de hipótese acontecer, na hierarquia em que o Dilman se encontrava, mas o improvável aconteceu, e também porque era os Estados Unidos, em que sempre que esteja evidente e sem outra saida, cumprem a lei, mesmo que contrariados. Porque sendo aqui, em África, como temos vindo a assistir, inventariam um triunvirato, colégio, ou um governo de unidade nacional, senão mesmo uma de transição, com a desculpa mais esfarrapada, rasgando a Constituição se necessário fosse. Além dos exemplos mais recentes, Guiné Bissau, Mali, como também temos o do vizinho Malawi, que por pouco não passaram a perna a senhora Joyce, não fosse ela ser política também, poderemos recorrer para exemplificar a digníssima e justificadíssima manobra do Zimbabwé. Mas, mesmo nos Estados Unidos, na realidade, hoje, só foi possivel, porque o negro, que não é negro, entrou pela mão de um branco, o senador Kennedy, e graças as suas qualidades bem evidentes, mas mesmo assim o esforço que lhe foi requerido, foi quase o quíntuplo dos outros, tudo isso por mera questão rácica. Contudo, nada disso tem haver com a população, porque como vemos, quando alguém consegue chegar a probabilidade de ser votado, a população fá-lo normalmente, sem preconceitos. É problema do animal político.

Quando o político fala abaixo, por exemplo, dá-me sempre a sensação, que pensa, isto aqui é sacrossanto e erga-se, faz parte da minha forma de ser e sobreviver, e di-lo, para confundir e parecer. Quando o político sorri, dificilmente se sabe, se é sinal de alegria, ou a exteriorização de um descontentamento, por se lhe ter oposto. Político a gargalhar, nunca jamais em tempo nenhum, e se porventura acontecer, cuidado. Até a gargalhada, um dos sinais de exteriorização emocional verdadeiro, nele, sai corrompida. Na maior parte das vezes, o político fala ao contrário do que pensa genuinamente. Quer seja, falar, contra o racismo, contra o tribalismo, e hoje por hoje, a corrupção. E a propósito deste último item, olhando para as circunstâncias domésticas, para mim, o nosso Parlamento só veio comprovar a opinião que se tem dos políticos. Estão contra a corrupção, mas retiram todos os instrumentos que torna possível prevenir, verificar até combater. Estou a falar do Código de Ética do Servidor Público, cujo teatro tétrico nos brindou a casa da representatividade, com argumentos falaciosos, mudanças de nomes e coisas que tais, mostrando a verdadeira face do político. Depois, admiram-se com o desencanto generalizado da população mundial com a política. Aliás, eles até gostam desse desencanto, que lhes serve à medida. Com o político nada é definitivo, um mesmo acto, aqui e agora, varia de avaliação instantaneamente. Se for a seu favor é um acto, de visão, de coragem, de fidelidade a pátria,  e essa pátria é ele mesmo, um acto heróico; e se não for, ainda que um problema de visão diferente, e não necessariamente de menor qualidade de análise, vira traidor, vendilhão e coisas que tal. Com o político o que é condenável hoje, não é necessariamente amanhã. No nosso caso africano, o mesmo acto, se for praticado por ele, está em busca de investidores para o desenvolvimento do país, se for praticado por outro, está a vender a pátria, está a levar-nos para o retorno ao colonialismo.

Quando o político começa a invadir outras áreas tradicionalmente ocupadas pelos técnicos, essas áreas começam a ficar politizadas e consequentemente infestadas com as qualidades inatas dos políticos. Começa o acidente social. Se a Função Pública politiza-se, começa a disfunção, grassa a corrupção. Se o juiz é político, irremediavelmente o judicial fica politizado e aí a lei é golpeada, impera o lobby e a trafulhice; não há procuradoria que o encontre. Se o gestor empresarial é político, está lixada a empresa e a economia, porque começa a ficar contaminada. Nem sequer precisa exemplificar, de tão recente que estão os exemplos domésticos. Confesso honestamente, não sei qual deles o mais pícaro; o político ou o chimpanzé??!! Em tudo o político é um processo de auto-destruição como homem que parece. Veja o destino que está a dar ao planeta, numa casmurrice sem precedentes, pensando ele, que está imune as alterações da natureza!      



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