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sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Quando os alarmes soam

Quanto à mim, não há queda pluviométrica suficiente, por enquanto, na nossa província, a Zambézia, que justifique o caudal que os rios comportam neste momento. Já vi chuvas mais intensas e mais extensas na minha vida, sem contudo terem provocado os danos que estas, de cuja ausência nos queixávamos há poucos dias, para num lapso de tempo, se ter transformado em quase efeito diluviano. Se nos reportarmos aos tempos do antanho, as chuvas começavam mais ou menos lá para os meses de Novembro e terminavam cá para o mês de Março, variando claramente de intensidade. Estas começaram praticamente no final do mês de Dezembro e estamos no princípio do mês de Janeiro. E já são notícias reportando efeitos quase tsunâmicos.
                                 
      
Não faz muito tempo, vi no nosso parlamento um grupo de deputados defenderem que a nossa província em particular não estava a sofrer de desmatamento, claramente em desacordo com os especialistas da área, e de grupos de pressão independente, que já chamavam atenção para o fenómenos extremos da natureza como consequência. E algumas vezes em grupos de opinião diversificada, nas conversas com os amigos, alguns defensores do sector optimista, ouvi, dizerem, que esses grupos de pressão estavam a mando de alguns interesses ocidentais ou coisa que o valha, porque estes estavam com dores de cotovelos por causa da nossa relação com a China.

Se olharmos atentamente para a natureza, com especial realce para o momento de quedas pluviométricas, notaremos que num local sem árvore ou arbusto, os pingos caem e, no caso de um plano inclinado, e quando tem um determinado volume vão correndo, em conjunto,  para onde a inclinação do terreno permite; e interrompida a chuva,  seca o mais rapidamente possível, sinal de que quase toda água se movimentou e nenhuma se reteve. Num local onde há vegetação, árvores, mesmo depois de a chuva terminada, há pingos que vão caindo das mesmas, o que quer dizer que alguma parte da chuva ficou retida nelas, diminuindo desse jeito o volume de água que corre ao mesmo tempo. Se houver vegetação rasteira, veremos que uma boa quantidade de água fica retida no solo, escorrendo uma parte a posterior e outra infiltrada na terra, e uma outra desaparecendo por evaporação. Peguemos esta imagem, ampliemo-la a dimensão a montante dos nossos leitos de rios. Não será esse desmatamento que pode justificar que chuva normal, se transfigure em caudais a jusante de se tirar o chapéu, como por exemplo o Licungo e o Lugela com níveis sem paralelo? Não será essa desmatação desmentida, mas que vemos a olho nu, que provocam o desaparecimento desses núcleos de vegetação, moitas e florestas ciliares, que trazem os seus efeitos tsunâmicos? Não estará a natureza avisando-nos da utilização abusiva dos seus recursos? As minhas interrogações tem a sua base no facto de, onde buscar explicação no facto de, logo no início da estação das chuvas, em que as terras andam tão sequiosas de água,  quedas pluviométricas de uma a duas semana e não muito mais que isso, no caso vertente da Zambézia, leitos dos rios que andavam tão hécticos, de repente virem obesos e transbordantes??!! Não estarão aqui a fazer tremenda falta os elementos de retenção, da natureza, com maior agravante, a montante dos rios na Zambézia, ora em julgamento, onde por sinal é lá onde estão as grandes explorações de madeira, como é o caso de Lugela, Tacuane, mas não só, e que por agravante como locais de grandes inclinações de terreno, por causa das montanhas, aumentam a velocidade das águas, caindo dessas encostas, já mais despidas de tanta avidez exploratória, fazendo os tais volumes e velocidades destrutivas?!


Se as razões que eu evoco por percepção, forem, como julgo que são, uma das causas desses descalabros tenebrosos da natureza, não estaremos pagando um preço demasiado caro as facturas, não apenas das nossas proclamadíssimas infra-estruturas, que acabam elas próprias sendo destruidas, bem como as facturas do passado? A relação custo benefício, vem-nos trazendo vantagens ou desvantagens? São perguntas que se nos impõe como cidadãos! E neste caso é pertinente, nem que estejamos serrazinando com estridor.

Ps: como é meu hábito, sempre que posso, ponho as minhas idéias sob escrutínio de pessoas chegadas e posso afirmar que já recebi contestações. Fiquei pensando e decidi entre o silêncio cúmplice e a celeuma, optei pelo risco do desacerto.

Nota: fotos retiradas do facebook

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