Quanto à mim, não há queda
pluviométrica suficiente, por enquanto, na nossa província, a Zambézia, que
justifique o caudal que os rios comportam neste momento. Já vi chuvas mais
intensas e mais extensas na minha vida, sem contudo terem provocado os danos
que estas, de cuja ausência nos queixávamos há poucos dias, para num lapso de
tempo, se ter transformado em quase efeito diluviano. Se nos reportarmos aos
tempos do antanho, as chuvas começavam mais ou menos lá para os meses de
Novembro e terminavam cá para o mês de Março, variando claramente de
intensidade. Estas começaram praticamente no final do mês de Dezembro e estamos
no princípio do mês de Janeiro. E já são notícias reportando efeitos quase
tsunâmicos.
Não faz muito tempo, vi no nosso
parlamento um grupo de deputados defenderem que a nossa província em particular
não estava a sofrer de desmatamento, claramente em desacordo com os
especialistas da área, e de grupos de pressão independente, que já chamavam
atenção para o fenómenos extremos da
natureza como consequência. E algumas vezes em grupos de opinião diversificada,
nas conversas com os amigos, alguns defensores do sector optimista, ouvi,
dizerem, que esses grupos de pressão estavam a mando de alguns interesses
ocidentais ou coisa que o valha, porque estes estavam com dores de cotovelos
por causa da nossa relação com a China.
Se olharmos atentamente para a
natureza, com especial realce para o momento de quedas pluviométricas,
notaremos que num local sem árvore ou arbusto, os pingos caem e, no caso de um
plano inclinado, e quando tem um determinado volume vão correndo, em
conjunto, para onde a inclinação do
terreno permite; e interrompida a chuva,
seca o mais rapidamente possível, sinal de que quase toda água se
movimentou e nenhuma se reteve. Num local onde há vegetação, árvores, mesmo
depois de a chuva terminada, há pingos que vão caindo das mesmas, o que quer
dizer que alguma parte da chuva ficou retida nelas, diminuindo desse jeito o
volume de água que corre ao mesmo tempo. Se houver vegetação rasteira, veremos
que uma boa quantidade de água fica retida no solo, escorrendo uma parte a
posterior e outra infiltrada na terra, e uma outra desaparecendo por evaporação.
Peguemos esta imagem, ampliemo-la a dimensão a montante dos nossos leitos de
rios. Não será esse desmatamento que pode justificar que chuva normal, se
transfigure em caudais a jusante de se tirar o chapéu, como por exemplo o
Licungo e o Lugela com níveis sem paralelo? Não será essa desmatação
desmentida, mas que vemos a olho nu, que provocam o desaparecimento desses
núcleos de vegetação, moitas e florestas ciliares, que trazem os seus efeitos
tsunâmicos? Não estará a natureza avisando-nos da utilização abusiva dos seus
recursos? As minhas interrogações tem a sua base no
facto de, onde buscar explicação no facto de, logo no início da estação das
chuvas, em que as terras andam tão sequiosas de água, quedas pluviométricas de uma a duas semana e
não muito mais que isso, no caso vertente da Zambézia, leitos dos rios que
andavam tão hécticos, de repente virem obesos e transbordantes??!! Não estarão
aqui a fazer tremenda falta os elementos de retenção, da natureza, com maior
agravante, a montante dos rios na Zambézia, ora em julgamento, onde por sinal é
lá onde estão as grandes explorações de madeira, como é o
caso de Lugela, Tacuane, mas não só, e que por agravante como locais de grandes
inclinações de terreno, por causa das
montanhas, aumentam a velocidade das águas, caindo dessas encostas, já mais
despidas de tanta avidez exploratória, fazendo os tais volumes e velocidades
destrutivas?!
Se as razões que eu evoco por percepção, forem, como julgo que são, uma das causas desses
descalabros tenebrosos da natureza, não estaremos pagando um preço demasiado
caro as facturas, não apenas das nossas proclamadíssimas infra-estruturas, que
acabam elas próprias sendo destruidas, bem como as facturas do passado? A relação custo benefício, vem-nos trazendo
vantagens ou desvantagens? São perguntas que se nos impõe como cidadãos! E neste caso é pertinente, nem que
estejamos serrazinando com estridor.
Ps: como é
meu hábito, sempre que posso, ponho as minhas idéias sob escrutínio de pessoas
chegadas e posso afirmar que já recebi contestações. Fiquei pensando e decidi
entre o silêncio cúmplice e a celeuma, optei pelo risco do desacerto.
Nota: fotos retiradas do facebook
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