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terça-feira, 23 de setembro de 2014

Entre cheiros e fragrâncias



A minha relação com os perfumes é de grande intensidade, e envolve uma espécie de fidelidade.
A minha primeira marca de eleição, adquirida com os recursos da minha independência financeira foi a Agua Lavanda Puig. E talvez foi ela que me impôs como regra de relação a fidelidade. Acontece que o mercado, moçambicano, provocou o seu desaparecimento inoportuno e como forma de não ter que passar pela catinga, lá fui buscando o seu sucedâneo: Agua Brava. Porém, a desdita do destino determinou rotura. Todas as vezes que dela me espargia, para além de uma repentina atonia, apanhava uma dores de cabeça, a princípio indefinida e sem razão aparente, contudo uma investigação mais consentânea concluiu a incompatibilidade.

Em consequência disso, obrigou-me, enquanto não arribava a definitiva escolha, a deambular entre duas marcas. Veja se deles se recorda: o Blue Stratos e o velho Old Spice. Tendo ficado muito mais tempo no Old Spice. Todavia os percursos do nosso processo histórico e económico, afunilaram os recursos nacionais, e a definição de  prioridades de bens essenciais não constavam muitos itens, dos quais os cosméticos escassearam.


Salvou honra do meu corpo, a nossa linha aérea nacional, que sendo de bandeira, tinha que dar o ar da sua graça e de entre outras coisas, os wc(s) eram dotados de perfume de marca. E a marca escolhida: Pierre Cardin! E nós passageiros frequentes das rotas nacionais, pedíamos whisky, e o minúsculo vasilhame de bordo servia para que no wc, diminuíssemos os conteúdos perfumados dos frascos, para que não ficássemos mal, com odores pouco ou nada recomendados. Assim fomos correndo contra o tempo  de exalações mefíticas.


Passada que foi a crise, o mercado se restabelece, e as variedades de aromas disponíveis diversificou-se, estando apenas condicionado ao bolso e ao gosto. Escolhi como definitivo, e mantenho-me fiel há mais de trinta anos: Paco Rabanne nas suas variantes.


 PS: Neste tempo tão enfadonho da campanha politico eleitoral, em Mocambique, mal menor falar de algo que alegre o nariz.

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