A minha relação com os perfumes é
de grande intensidade, e envolve uma espécie de fidelidade.
A minha primeira marca de
eleição, adquirida com os recursos da minha independência financeira foi a Agua
Lavanda Puig. E talvez foi ela que me impôs como regra de relação a fidelidade.
Acontece que o mercado, moçambicano, provocou o seu desaparecimento inoportuno
e como forma de não ter que passar pela catinga, lá fui buscando o seu
sucedâneo: Agua Brava. Porém, a desdita do destino determinou rotura. Todas as
vezes que dela me espargia, para além de uma repentina atonia, apanhava uma
dores de cabeça, a princípio indefinida e sem razão aparente, contudo uma investigação
mais consentânea concluiu a incompatibilidade.
Em consequência disso, obrigou-me,
enquanto não arribava a definitiva escolha, a deambular entre duas marcas. Veja
se deles se recorda: o Blue Stratos e o velho Old Spice. Tendo ficado muito
mais tempo no Old Spice. Todavia os percursos do nosso processo histórico e
económico, afunilaram os recursos nacionais, e a definição de prioridades de bens essenciais não constavam
muitos itens, dos quais os cosméticos escassearam.
Salvou honra do meu corpo, a
nossa linha aérea nacional, que sendo de bandeira, tinha que dar o ar da sua
graça e de entre outras coisas, os wc(s) eram dotados de perfume de marca. E a
marca escolhida: Pierre Cardin! E nós passageiros frequentes das rotas
nacionais, pedíamos whisky, e o minúsculo vasilhame de bordo servia para que no
wc, diminuíssemos os conteúdos perfumados dos frascos, para que não ficássemos
mal, com odores pouco ou nada recomendados. Assim fomos correndo contra o tempo
de exalações mefíticas.
Passada que foi a crise, o
mercado se restabelece, e as variedades de aromas disponíveis diversificou-se,
estando apenas condicionado ao bolso e ao gosto. Escolhi como definitivo, e
mantenho-me fiel há mais de trinta anos: Paco Rabanne nas suas variantes.
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