No
permeio de suras, papos e cafutchêtchês
http://suraspapos.blogspot.com/2012
por Lo-Chi
Numa conversa, à propósito do dia dos namorados que
passou, bem como dos dias da mulher que se aproximam, fomos, eu com alguns
amigos, dissertando sobre elas. E a certa altura dizia eu, Há duas áreas de
sucesso garantido para as mulheres. A economia e a psicologia. Na psicologia,
argumentava que, ela começa a aprendizagem do comportamento humano, desde o seu
primeiro filho feto, desenvolve com o seu nascimento, especializa-se no namoro
e casamento dela própria. Ela sabe, advinha, prevê, influencia, determina. Ela
lida com o bebé de uma maneira em que só quem detém conhecimentos de
puericultura e pediatria é capaz. Quando tu vês o teu filho doente, entras em
pânico, e ela está serena, agarra uma calma, porque ela conhece a dimensão da
realidade com uma competência única. Se porventura ela se alarmar, meu amigo, a
coisa está séria demais. Ela, só ela, consegue decifrar aquela língua primeira
do bebé, uma espécie de chinês misturado com russo. Conversam perfeitamente e
tu ficas a leste.
Só há dois momentos em que perde o conhecimento: no momento
em que o filho único anda para as bandas dos dezasseis anos. Aí, perde toda a
ciência. Outro, quando se torna avó. Porém o seu domínio do comportamento
humano é também patente em relação ao seu marido, posto que o homem, continuava
eu, é um bicho de hábitos e costumes, e ela apreende rápido e domina,
utilizando como ciência de relação, tanto para o bem como para o mal, em seu
proveito, prevendo em diversas circunstâncias as reacções e atitudes, e por
isso, comanda todo o processo, ainda que te pareça o contrário. Esta
dissertação foi pacífica, digamos que quase de unanimidade.
Animado com essa exposição de sucesso, acelero,
transitando para o outro capítulo, onde asseguro, A mulher é uma economista
prática, não se perde na teoria do antes e do após. A economia dela está
integrada na dinâmica da vida, na realidade das broncas, nos interstícios dos
labirintos complicados com soluções de milagre. Ela sabe que a economia não se
faz com pressa e impaciência, e que o segredo está nos detalhes, ou melhor nas
quinhentas. Ela sabe que a macro se elabora essencialmente com a micro. A ela e
seus conhecimentos de economia de guerra se deve a sobrevivência das famílias
de salário mínimo. Largado, fui acelerando na minha apologia a perícia da
direcção económica das mulheres, atirando exemplos concretos, falando na
economia de trabalho, onde elas se batem na comercialização, na machamba, falei
de lares uniparentais, com mulheres a cabeça, numa indigência tal, sobrevivendo,
não apenas no limite como destapando milagres com filhos que fazendo a
secundária abaixo do limite pressuposto, de repente estão feitos doutores com
todo o merecimento e
provimento da mulher. Quando cheguei a essa fase, sem muitos preâmbulos, um
velho amigo de seus setenta anos, saiu-me com esta, Meu amigo até agora gostei
muito da tua filosofia, porém acho que já está muito idílica demais, e com
receio que te possa causar algum dano, tenho que cumprir o meu papel de idoso,
e retorna-te ao planeta terra, e pôr os pontos não apenas nos is como nos
jotas. Importa antes de tudo, dizer que este ancião, um grande amigo meu com
quem gosto de conversar, mas é um gosto dialéctico convém frisar, de nome Madeira
e de profissão enfermeiro, é de um realismo tal, que atinge as raias de
crueldade e algumas vezes extremamente desmobilizador, mas simultaneamente duma
argumentação sólida, que acabas entrando num aceitar contrariado. Daqueles que
mete raiva, mas ficas sem argumento e sem querer, tens necessariamente e a bem
da evidência que lhe dar razão. E o que mais raiva mete, é que te desarma com
exemplos tão corriqueiros e do dia a dia, que desnorteia. Continuando dizia
ele, A tua proposição não direi que é falaciosa, porém falta-lhe consistência,
no que diz respeito a área económica, confundes excepção com regra.
Sorriu,
olhou para mim e continuou, sem antes dar-me umas palmadas nas costas, Põe-te
na estrada e pede boleia, quando necessitado e vê se alguém pára, para te dar.
Porém põe uma mulher e verás que numa fracção de tempo ela consegue. Vai pedir
um auxílio a alguém com os melhores dos argumentos e vê se consegues algo de
jeito. Manda uma mulher e mesmo sem argumento e repara no que ela não consegue.
Falando em termos gerais, o burro de carga, o trabalhador, o sacrificado,
sempre foi e é o homem, não recuso excepções, mas objectivamente, quem aguenta
com os trancos da vida é o homem. O problema meu caro amigo é que Deus deu um
título de crédito a mulher, uma espécie, dizia ele e foi antecipado por um dos
convivas da altura, que quis completar, Um cheque visado!, rematou. Mas o velho
Madeira, sereno e compassado, contrariou, Qual cheque visado qual quê?! Deus
deu a mulher, o que tu não tens; o cheque visado é um título de crédito com
validade nacional, não transaccionável internacionalmente. Não; à mulher, Deus, muito
mais que isso, deu uma carta de crédito que é um título de
crédito internacional. Aí reside a diferença. Não digo que todas a usam, mas
têm. Numa contenda com a mulher, tu nunca estás de igual para igual. Quer isso
seja, frente ao juiz, ou frente a um infortúnio. Ela tem um trunfo, uma arma
que tu não tens!
Aquilo foi uma explosão de risos e de expressões de
assentimento, com excepção de eu próprio que fiquei leco, desartelhado, feito
num oito, acabrunhado, meditando nos argumentos do velhote. Em resumo o velhote
arrasou-me!!
Sem comentários:
Enviar um comentário