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segunda-feira, 11 de março de 2013

Os natos domínios científicos da mulher


No permeio de suras, papos e cafutchêtchês
http://suraspapos.blogspot.com/2012
por Lo-Chi


Numa conversa, à propósito do dia dos namorados que passou, bem como dos dias da mulher que se aproximam, fomos, eu com alguns amigos, dissertando sobre elas. E a certa altura dizia eu, Há duas áreas de sucesso garantido para as mulheres. A economia e a psicologia. Na psicologia, argumentava que, ela começa a aprendizagem do comportamento humano, desde o seu primeiro filho feto, desenvolve com o seu nascimento, especializa-se no namoro e casamento dela própria. Ela sabe, advinha, prevê, influencia, determina. Ela lida com o bebé de uma maneira em que só quem detém conhecimentos de puericultura e pediatria é capaz. Quando tu vês o teu filho doente, entras em pânico, e ela está serena, agarra uma calma, porque ela conhece a dimensão da realidade com uma competência única. Se porventura ela se alarmar, meu amigo, a coisa está séria demais. Ela, só ela, consegue decifrar aquela língua primeira do bebé, uma espécie de chinês misturado com russo. Conversam perfeitamente e tu ficas a leste. 

Só há dois momentos em que perde o conhecimento: no momento em que o filho único anda para as bandas dos dezasseis anos. Aí, perde toda a ciência. Outro, quando se torna avó. Porém o seu domínio do comportamento humano é também patente em relação ao seu marido, posto que o homem, continuava eu, é um bicho de hábitos e costumes, e ela apreende rápido e domina, utilizando como ciência de relação, tanto para o bem como para o mal, em seu proveito, prevendo em diversas circunstâncias as reacções e atitudes, e por isso, comanda todo o processo, ainda que te pareça o contrário. Esta dissertação foi pacífica, digamos que quase de unanimidade.


Animado com essa exposição de sucesso, acelero, transitando para o outro capítulo, onde asseguro, A mulher é uma economista prática, não se perde na teoria do antes e do após. A economia dela está integrada na dinâmica da vida, na realidade das broncas, nos interstícios dos labirintos complicados com soluções de milagre. Ela sabe que a economia não se faz com pressa e impaciência, e que o segredo está nos detalhes, ou melhor nas quinhentas. Ela sabe que a macro se elabora essencialmente com a micro. A ela e seus conhecimentos de economia de guerra se deve a sobrevivência das famílias de salário mínimo. Largado, fui acelerando na minha apologia a perícia da direcção económica das mulheres, atirando exemplos concretos, falando na economia de trabalho, onde elas se batem na comercialização, na machamba, falei de lares uniparentais, com mulheres a cabeça, numa indigência tal, sobrevivendo, não apenas no limite como destapando milagres com filhos que fazendo a secundária abaixo do limite pressuposto, de repente estão feitos doutores com todo o merecimento e provimento da mulher. Quando cheguei a essa fase, sem muitos preâmbulos, um velho amigo de seus setenta anos, saiu-me com esta, Meu amigo até agora gostei muito da tua filosofia, porém acho que já está muito idílica demais, e com receio que te possa causar algum dano, tenho que cumprir o meu papel de idoso, e retorna-te ao planeta terra, e pôr os pontos não apenas nos is como nos jotas. Importa antes de tudo, dizer que este ancião, um grande amigo meu com quem gosto de conversar, mas é um gosto dialéctico convém frisar, de nome Madeira e de profissão enfermeiro, é de um realismo tal, que atinge as raias de crueldade e algumas vezes extremamente desmobilizador, mas simultaneamente duma argumentação sólida, que acabas entrando num aceitar contrariado. Daqueles que mete raiva, mas ficas sem argumento e sem querer, tens necessariamente e a bem da evidência que lhe dar razão. E o que mais raiva mete, é que te desarma com exemplos tão corriqueiros e do dia a dia, que desnorteia. Continuando dizia ele, A tua proposição não direi que é falaciosa, porém falta-lhe consistência, no que diz respeito a área económica, confundes excepção com regra. 

Sorriu, olhou para mim e continuou, sem antes dar-me umas palmadas nas costas, Põe-te na estrada e pede boleia, quando necessitado e vê se alguém pára, para te dar. Porém põe uma mulher e verás que numa fracção de tempo ela consegue. Vai pedir um auxílio a alguém com os melhores dos argumentos e vê se consegues algo de jeito. Manda uma mulher e mesmo sem argumento e repara no que ela não consegue. Falando em termos gerais, o burro de carga, o trabalhador, o sacrificado, sempre foi e é o homem, não recuso excepções, mas objectivamente, quem aguenta com os trancos da vida é o homem. O problema meu caro amigo é que Deus deu um título de crédito a mulher, uma espécie, dizia ele e foi antecipado por um dos convivas da altura, que quis completar, Um cheque visado!, rematou. Mas o velho Madeira, sereno e compassado, contrariou, Qual cheque visado qual quê?! Deus deu a mulher, o que tu não tens; o cheque visado é um título de crédito com validade nacional, não transaccionável internacionalmente. Não; à mulher, Deus, muito mais que isso, deu uma carta de crédito que é um título de crédito internacional. Aí reside a diferença. Não digo que todas a usam, mas têm. Numa contenda com a mulher, tu nunca estás de igual para igual. Quer isso seja, frente ao juiz, ou frente a um infortúnio. Ela tem um trunfo, uma arma que tu não tens! 


Aquilo foi uma explosão de risos e de expressões de assentimento, com excepção de eu próprio que fiquei leco, desartelhado, feito num oito, acabrunhado, meditando nos argumentos do velhote. Em resumo o velhote arrasou-me!!

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