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sábado, 2 de março de 2013

Os carnavais de mortes e amputações


No permeio de suras, papos e cafutchêtchês
por Lo-Chi



Falei no pretérito trabalho do carnaval e volto desta feita falando do carnaval, mas um carnaval perfeitamente evitável. Está a ser por demais as mortes na estrada principalmente as de contribuição maior; feita por aqueles que era suposto serem os guardiões da condução defensiva, por possuirem habilitação para tal, e para o efeito possuirem a chamada carta de Serviço Público.

Informalmente; nos orgãos de informação; na boca do povo; temos ouvido com frequência, alguns nomes de empresas de transporte público, que descaradamente e como se fosse um campeonato, vão, ao seu gosto, atropelando as regras de transporte de passageiros, com especial enfoque para o excesso de velocidade e ultrapassagens irregulares, e em consequência batendo recorde nos acidentes. E entre as informações detalhadas que corriam boca afora, o nome da empresa Maning Nice, era veiculada com uma insistência indisfarçável, sobre os seus atropelos e diatribes. Recordo-me, que no ano passado, soube de um acidente ocorrido em Lindela, onde pereceram várias pessoas. Vem-me a memória que um dos pais afectados, morreu-lhe o filho, estudante universitário. Pouco tempo depois, falaram-me do despiste de um sujeito que seguia num Mitsubish novo, na zona de Lualua distrito de Mopeia, porque um machimbombo  Maning Nice fazendo uma curva a alta velocidade, sai da sua faixa de rodagem, e aquele para evitar o embate frontal, desvia para fora do asfalto, o que acaba num despiste que desfaz o seu carro com uma destruição  completa, só não perdendo a vida graças a Deus. E o tal Maning Nice, não se deu ao trabalho de parar para socorrer o tal desafortunado. Nas proximidades do mesmo troço, EN 1, no ano passado reportou-se na televisão o despiste de mais um autocarro.

Do ouvir dizer e ver reportagens na televisão, fui confrontado com realidades factuais, dos tais desmandos. Mas antes, fui questionando o porquê de não intervenção das autoridades, no sentido de pôr a(s) empresa(s) no procedimento correcto de modo a evitar o sangue que corre as catadupas nas nossas estradas  com grande contribuição desta empresa e algumas tantas outras. A primeira que vivi, foi numa viagem do ano passado. Fui de carro à Mocímboa da Praia e à Palma saido de Quelimane. No meu regresso, passou por nós um autocarro da famigerada, a uma velocidade tal que nos arrepiou, posto que a ultrapassagem foi feita praticamente em cima de uma ponte. O que só confirmou a informação maning bad que se tem dela. Neste ano, no mês de Fevereiro, na altura da interrupção da via por causa do excesso da chuva, fico três dias pendurado na Beira vindo do Maputo. Quando se dá a reabertura, vou, no dia 16/02, a terminal de passageiros inter-provincial de Matacuane, dirijo-me ao guichet da ATB, uma companhia de transporte, compro o bilhete Beira Quelimane, mandam-me estar as três da manhã no terminal. Porém, quando lá chego, estou esperando pela tal companhia, cujo autocarro, de repente, soube que ia à Tete, e que os passageiros para Quelimane, passavam necessária e sem aviso-prévio para a famigerada Maning Nice. Contactada a tal, confirma que sim, que havia negociado essa solução. No meu desespero de passageiro desgastado com a retenção e depois o stress de ter madrugado, e sem o transporte que me havia levado ao terminal, lá me submeto, num receio fundamentado em toda vil atitude, propalada aos sete ventos, mas esperançado que sairia ileso. Qual quê!? Os sinais preliminares já davam um péssimo agoiro: conversa ao celular do motorista em plena condução, música expelida com décibeis de poluição sonora, deixando de ser música virando barulho. 

Foi que então, entre a ponte do Pungué, na EN1, e a entrada para o Chitengo, estamos numa curva, início de uma descida e ... a vista uma carrinha, por detrás de um camião, que pretendia passar com cautelas, num espaço deixado por um outro imobilizado e com o cavalo enveusado ao longo de dois terços da largura, no sentido contrário ao nosso, ocupando os tais dois terços da faixa de rodagem. E o nosso incauto motorista vai todo lampeiro, bate por detrás da carrinha imobilizada atrás do camião que tentava passar na frincha. Aquela carrinha é nesse embate ensanduichada entre o nosso autocarro e o camião de frente, e é expelida dando um meio peão, e o nosso autocarro ainda vai a tempo de embater frente a frente com o camião imobilizado. Em resumo, quatro carros envolvidos, com o motorista da carrinha entalado nos escombros.

 O motorista da carrinha, retirado depois de várias tentativas, completamente ferido, é levado ao hospital de Gorongosa, de onde tivemos conhecimento que lhe tiveram que amputar a perna. No entrementes dos acontecimentos, um pouco refeitos do susto, nós os envolvidos no acidente, reunidos, vamos tecendo comentários à propósito, é aí que somos brindados pelo motorista do camião da frente, com histórias recentes da famigerada transportadora, que mais parece uma equipa da formula I. Contava, ele,  que num passado de menos de uma semana, um autocarro da mesma, despistou-se na zona entre o Guro e Galingamusse, porque ia a velocidade de som. Tentava fazer uma curva, e logicamente, sai da estrada e vai, feito uma caterpillar, tentar destroncar um rochedozito que lhe pôs os dois eixos fora do lugar, mesmo assim tendo o dito cujo, deslizado uns oito metros. Dispensa comentários! Mais; o polícia trânsito, que veio fazer medições e elaborar o croqui, deu a entender saber, pela afirmação, que a companhia transportadora Maning Nice, é a todos títulos, uma desrespeitadora nata das regras de trânsito. É sobejamente conhecida, mesmo pelos agentes do Estado.

A minha lógica pergunta é: porquê essa imunidade?! Controlá-la e tomar-se medidas é plenamente possível, como acima de tudo, exigível, em face de lutos e os consequentes problemas de diversa índole que esta e outras do mesmo calibre andam por aí semeando impavidamente. Se têm essa informação, o estado que se organize de modo que, por exemplo, ponha policias trânsitos disfarçados em algumas viagens e produzir  relatórios, que seriam apresentadas aos donos/ e ou gerentes, que deviam ser avisados, que a continuar atitudes marginais, estarem sujeitos a retirada das licenças; relatórios com consequências. Ou, v.g., criarem fichas de preenchimento obrigatório, que seriam verificadas nos controlos existentes  nas saidas das cidades, com a informação da hora da saida, que seriam verificados nos outros pontos de distância razoável, das entradas das cidades intermédias e finais, para verificação da média de velocidade. A verdade é que alguma coisa tem de se fazer.
  

No geral o que se pode dizer, da falta de respeito pelo consumidor, constitui uma lista absurda. Autocarros com estrutura para circular com ar condicionado, fazer mais de mil quilomentros, sem refrigeração; em outros, a música é tocada de forma ensurdecedora, bem alta, com grandes probabilidades de lá saires completamente surdo, devido aos decibeis debitados nas suas colunas com música de gosto duvidoso. Filmes sem selecção conveniente, atendendo aos níveis etários que frequentam esses meios públicos. Sem deixar de falar da arrogância dos tais supostos servidores públicos, que muitas vezes desconhecem a importância de informação, bem como as arbitrariedades cometidas em várias áreas, devido a gritante falta de fiscalização de quem de direito. Conduzir a falar ao celular, constitui prática corrente nesses meios de transporte público. Em resumo; o Estado tem de aparecer mais interventivo, e não apenas como emissor de estatísticas que pelos vistos não impressiona ninguém. Urge a fiscalização efectiva dessas fábricas de óbitos!

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