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quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Resposta à uma pergunta várias vezes formulada


por Lo-Chi


Primeiro comecei com apenas o meu nome artístico, estampado numa coluna, cujo nome também estaria na gaveta do pouco comum, e havia razão mais que suficiente da pergunta. Em face disso, entendi para não ser um anónimo, no sentido de sem face, plasmei a minha fotografia, mesmo assim subsiste a pergunta. Quem sou eu? Não poucas vezes me perguntaram, e eu sempre me escusando. Porém, hoje, quiçá vendo a pergunta numa outra perspectiva, propus-me uma resposta. E aí está.

Não me conheço ainda e penso que morrerei sem me conhecer. As vezes, julgo que sou uma coisa, para logo a seguir compreender que nada disso sou e que faço parte de qualquer coisa bem diferente. Umas vezes, aceito-me tal e qual e...outras; não! Revolto-me, quero-me outro. E se olho para atrás, não sei de facto o que fui. Como posso saber, se me vario tão frequentemente e tão diferentemente.

Sei que fui de tudo: ladrão (e nunca roubei nada do alheio, senão de mim próprio), vagabundo (nunca passeei pelas ruas, nem estive andando, andando, sem destino...mas imaginei-me), poeta (nunca fiz poemas, senão que escrevi versos que se pretendiam), libertador (de país nenhum, mas de coisas múltiplas), construtor (e não peguei tijolo nenhum que fizesse parede), preguiçoso (ah...isso fui de facto, bastas vezes), ignorante...sei lá, quantas coisa mais?! Acima de tudo nada. Debaixo de tudo, alguém que se procura e acha justo encontrar-se perdido, nesse eu deslimitado. Esse eu que faz a pessoa.

O que é uma pessoa? Se não; as acções no sentido de satisfazer os seus gostos; a reacção perante os condicionalismos impostos; a insurgência ante os ditados; o movimento com tendência a contornar os óbices da vida; a maneira de reagir perante os factos do dia a dia, que nos vão fazendo o que somos e o que temos vindo a ser. Eu talvez seja um surpreendido! Um surpreendido perante esta vida enorme com toda sua enormidade. De vez em quando um disfarçado, face a estes factos surpreendentes. Sempre quem sabe(?), um des-integrado de toda esta complexidade atónita dela mesma.

Constitui sempre, um conjunto de emoções circunstanciais. Sou uma espécie de progressão (aritmética ou geométrica pouco importa) emocional, sem constante. Quando me sinto função, prefiro estar em função de mim mesmo.

No fundo, bem no fundo, sou o princípio e o fim, o meio e o objectivo. Sou o vento, sou a brisa, conforme as conveniências, minhas e alheias. Muitas vezes até, a pedra da calçada, a alma inanimada; sou a razão e a lógica, sou o nada fundido em desejo. Outras a sombra de um homem que não existe. Sou enfim, a intrépida convulsão da minha mente.



















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