por Lo-Chi
Aviso:Para maiores de dezoito anos
Estive num convívio, de homens e mulheres, casados e
solteiros, onde se falava de sexo, com o maior desprendimento e hilaridade, o
que entendo normal e lógico, porém tudo referido nas entrelinhas e
metaforicamente. Dizia uma das convivas, Eu não como porco, e ria-se a brava,
só consumo derivado de porco; uns 50 grs de chouriço!, e outra muito sacanamente
questionava, Aguentar com o porco inteiro para consumir só 50 grs?. Uns com
maior facilidade, outros mais lentamente, o mundo ia entendendo o que se estava
a falar, de tal jeito que no fim, meio mundo partiu-se em sonoras gargalhadas.
E eu perguntava-me, porquê esse trabalhão todo(*), para falar de uma coisa tão linda? Tornarmos de difícil
acesso, uma coisa facilmente acessível?!
A comunicação é feita entre duas ou mais pessoas, onde
são utilizados signos; escritos, gestuais ou sonoros (falados ou outros), que
criam uma representação mental do objecto descrito, ou melhor o significado. A
minha duvida é: se eu disser testículo, qual a diferença de imagem produzida na
mente, da quando eu disser colhões? A este segundo termo foi-lhe conferido a
designação de asneira. Asneira porquê, abro aqui um parêntese, se a palavra
provém de asno? Será pelo facto do burro ser famoso, no ser prendado nas suas
partes baixas, e por esse facto natural, ter o seu instrumento bem evidente,
que tudo que a sexo se refira, designem de asneira? Desculpe esse à parte. Aliás,
recordo-me que na infância, quando um puto e uma miuda fossem apanhados
naqueles ensaios sexuais próprios da idade, o excluido invejoso ia dizer aos
mais velhos: o João e a Joana estavam a fazer asneira! A minha questão fulcral
está, no prurido que faz ao meu entendimento, no que concerne ao comportamento
de comunicação da sociedade, em que falar de um objecto, pode ou não ser
condenável em função do significante que utilizo. Por exemplo, eu posso falar
da utilidade e vantagem, da masturbação, que é uma actividade sexual, comum,
frequente e que carece de abordagem. Vejamos a questão. A masturbação é uma
actividade, normalmente de auto- satisfação sexual, através do friccionamento
do orgão sexual, quer masculino como feminino, que se utiliza, geralmente, como
recurso a ausência de parceira(o). O que se descreve como masturbação, não é
nem mais nem menos, do que o significante punheta representa. Porquê que
masturbação é politicamente correcto e utilizável, e punheta(**) não? Até
porque punheta é sonoramente mais agradável. Vão dizer-me, porque é calão,
obsceno, lascivo, pornográfico ou asneira. Eu pergunto, o que é asneira? O acto
ou a palavra? Se qualquer das palavras representa o mesmo acto!? Mais não é,
quanto a mim, que o gosto mórbido do homem de complicar com regras
completamente absurdas, incompreensíveis, sem fundamento, o que simples é. Tudo
que se trata de sexo, complicamos, regramos o irregrável, proibimos o que
desejamos e deveria ser tratado com frontalidade, com clareza e sem subterfúgio.
O sexo um dos factores de qualidade de vida do homem e da mulher, foi
desvirtuado, encheu-se-lhe de hipocrisia. Porquê não falar com naturalidade, da
coisa que todos nós gostamos, sem necessidade de escolha de palavras, de
malabarismo explicativos(*)?
Irradiamos algumas palavras da convivência com as
outras, foram remetidas a uma espécie de gueto, ou talvez mesmo uma espécie de
prisão, e deram-lhes a designação de asneira, palavrão, calão, insulto. E
quando, paradoxalmente, a gente ganha coragem e as solta, dá uma sensação eufórica
de liberdade, exacerba emoções, numa espécie de catarse, sentimo-nos
maravilhosamente bem. Por isso mesmo, ainda que titubeantes, em convívios que
se prezem, ( não apenas, como nos locais de trabalho, melhor agora que o género
se mistura e se equilibra) o tema vem a ribalta, ainda que com subterfúgios
linguísticos, mas está sempre presente. Nada mais prenhe de emoções, que falar
de sexo. Já apanhou uma dama, corajosa que sabe o que quer e utiliza no acto sexual o que chamamos de
palavrões? Se é casado e nunca apanhou, aconselho-o a rezar para nunca
esbarrar-se, porque o seu casamento vai para o ralo. Como anima !!
___
(*)Faz recordar as autoridades
portuguesas, bem no tempo do salazarismo, no seu puritanismo provinciano, na
obrigação de legislar para impedir e punir a frequência sorrelfa de pares de
namorados mais ou menos afoitos, num jardim público, que ganhava frequentadores
na calada da noite, publicou uma portaria: com um conteúdo próximo:” que seriam
punidos todos os casais que fossem encontrados depois das 18,00hrs com as
coimas e penas de acordo com a situação. Mão
na mão $0,50, mão naquilo $1,00, aquilo na mão $1,50, aquilo naquilo detenção.”
Se fosse nos dias actuais, teriam de facto que acrescentar: aquilo na boca e a
boca naquilo. Só não sei se valeria coima ou prisão.
(**)
Vejam só este absurdo
criado pela mudança de verbo. Seu disser fiz uma punheta (de bacalhau) não é
obsceno, mas se disser bati uma punheta é ordinarice. Que raio de incongruência
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