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segunda-feira, 8 de julho de 2013

Signos e imagens, significantes e siginificados -- O sentido das palavras II


por Lo-Chi

Aviso:Para maiores de dezoito anos

Estive num convívio, de homens e mulheres, casados e solteiros, onde se falava de sexo, com o maior desprendimento e hilaridade, o que entendo normal e lógico, porém tudo referido nas entrelinhas e metaforicamente. Dizia uma das convivas, Eu não como porco, e ria-se a brava, só consumo derivado de porco; uns 50 grs de chouriço!, e outra muito sacanamente questionava, Aguentar com o porco inteiro para consumir só 50 grs?. Uns com maior facilidade, outros mais lentamente, o mundo ia entendendo o que se estava a falar, de tal jeito que no fim, meio mundo partiu-se em sonoras gargalhadas. E eu perguntava-me, porquê esse trabalhão todo(*), para falar de uma coisa tão linda? Tornarmos de difícil acesso, uma coisa facilmente acessível?!

A comunicação é feita entre duas ou mais pessoas, onde são utilizados signos; escritos, gestuais ou sonoros (falados ou outros), que criam uma representação mental do objecto descrito, ou melhor o significado. A minha duvida é: se eu disser testículo, qual a diferença de imagem produzida na mente, da quando eu disser colhões? A este segundo termo foi-lhe conferido a designação de asneira. Asneira porquê, abro aqui um parêntese, se a palavra provém de asno? Será pelo facto do burro ser famoso, no ser prendado nas suas partes baixas, e por esse facto natural, ter o seu instrumento bem evidente, que tudo que a sexo se refira, designem de asneira? Desculpe esse à parte. Aliás, recordo-me que na infância, quando um puto e uma miuda fossem apanhados naqueles ensaios sexuais próprios da idade, o excluido invejoso ia dizer aos mais velhos: o João e a Joana estavam a fazer asneira! A minha questão fulcral está, no prurido que faz ao meu entendimento, no que concerne ao comportamento de comunicação da sociedade, em que falar de um objecto, pode ou não ser condenável em função do significante que utilizo. Por exemplo, eu posso falar da utilidade e vantagem, da masturbação, que é uma actividade sexual, comum, frequente e que carece de abordagem. Vejamos a questão. A masturbação é uma actividade, normalmente de auto- satisfação sexual, através do friccionamento do orgão sexual, quer masculino como feminino, que se utiliza, geralmente, como recurso a ausência de parceira(o). O que se descreve como masturbação, não é nem mais nem menos, do que o significante punheta representa. Porquê que masturbação é politicamente correcto e utilizável, e punheta(**) não? Até porque punheta é sonoramente mais agradável. Vão dizer-me, porque é calão, obsceno, lascivo, pornográfico ou asneira. Eu pergunto, o que é asneira? O acto ou a palavra? Se qualquer das palavras representa o mesmo acto!? Mais não é, quanto a mim, que o gosto mórbido do homem de complicar com regras completamente absurdas, incompreensíveis, sem fundamento, o que simples é. Tudo que se trata de sexo, complicamos, regramos o irregrável, proibimos o que desejamos e deveria ser tratado com frontalidade, com clareza e sem subterfúgio. O sexo um dos factores de qualidade de vida do homem e da mulher, foi desvirtuado, encheu-se-lhe de hipocrisia. Porquê não falar com naturalidade, da coisa que todos nós gostamos, sem necessidade de escolha de palavras, de malabarismo explicativos(*)?



Irradiamos algumas palavras da convivência com as outras, foram remetidas a uma espécie de gueto, ou talvez mesmo uma espécie de prisão, e deram-lhes a designação de asneira, palavrão, calão, insulto. E quando, paradoxalmente, a gente ganha coragem e as solta, dá uma sensação eufórica de liberdade, exacerba emoções, numa espécie de catarse, sentimo-nos maravilhosamente bem. Por isso mesmo, ainda que titubeantes, em convívios que se prezem, ( não apenas, como nos locais de trabalho, melhor agora que o género se mistura e se equilibra) o tema vem a ribalta, ainda que com subterfúgios linguísticos, mas está sempre presente. Nada mais prenhe de emoções, que falar de sexo. Já apanhou uma dama, corajosa que sabe o que quer e  utiliza no acto sexual o que chamamos de palavrões? Se é casado e nunca apanhou, aconselho-o a rezar para nunca esbarrar-se, porque o seu casamento vai para o ralo. Como anima !!

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(*)Faz recordar as autoridades portuguesas, bem no tempo do salazarismo, no seu puritanismo provinciano, na obrigação de legislar para impedir e punir a frequência sorrelfa de pares de namorados mais ou menos afoitos, num jardim público, que ganhava frequentadores na calada da noite, publicou uma portaria: com um conteúdo próximo:” que seriam punidos todos os casais que fossem encontrados depois das 18,00hrs com as coimas e penas de acordo com a situação. Mão na mão $0,50, mão naquilo $1,00, aquilo na mão $1,50, aquilo naquilo detenção.” Se fosse nos dias actuais, teriam de facto que acrescentar: aquilo na boca e a boca naquilo. Só não sei se valeria coima ou prisão.
(**) Vejam só este absurdo criado pela mudança de verbo. Seu disser fiz uma punheta (de bacalhau) não é obsceno, mas se disser bati uma punheta é ordinarice. Que raio de incongruência

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