por Lo-Chi
Vem esta a propósito de uma mensagem de celular que
recebi de um amigo residindo bem distante, dizendo taxativamente o seguinte:
“depois de longos dezassete anos e muitas rondas negociais hoje já estou
divorciado. Foi assinado o veredicto final. Um abraço”(*). De repente, fiquei
inadvertidamente pensando no facto, sem saber o que me impelia a isso. Até que
questionei, a razão da minha preocupação, o que me levou a meditar.
Provavelmente o contraste da emoção inicial na relação homem mulher, e o
sentimento final com que se fica após anos. Vejamos, dizia ele, longos
dezassete anos,... muitas rondas negociais... hoje, faltou ou não pôs por
economia de espaço, finalmente, divorciado. Na vez de agradáveis dezasseis
anos, encontramos longos, na vez de entendimento, encontramos rondas negociais,
e no fim, o finalmente, da minha autoria, mas presente na intenção implícita.
Sou homem de muitos conhecidos e poucos amigos: Os
meus poucos amigos nenhum deles escapou a praga do divórcio; uns poucos,
ajuizados, a experiência lição, levou-os na esteira do princípio que cair num
buraco e levantar faz parte do processo, mas a segunda queda no mesmo configura
pura burrice; outros, corajosos, ensaiaram as segundas núpcias; um campeão vai
desiludidamente na sexta núpcias, já dissolvida. Nessa esteira, recordei-me da
analogia casamento muro de cemitério, onde sendo, se descobre todos eles
desnecessários. No muro do cemitério, diz-se para quê, se quem está dentro,
jamais sai de lá, e os que estão fora, não querem, por nada, ser inquilinos. Na
mesma esteira, casar para divorciar qual
a utilidade? Pergunta que deveria ser útil incómodo permanente antes da
empreitada. Casamento, diferentemente da morte, muitos querem experimentar,
ainda que avisados dos desaires quase que fatídicos. As mulheres constituem
neste item endémicas enfermas.
O casamento só voltará a ser, se alguma vez foi, o que
dizem que foi, quando nos apercebermos de que o sentimento de um, em face de
atropelos do outro, não é diferente. Todo o mundo sofre da mesma maneira. Não
há sexo diferente de outro na forma de sentir e reagir as traquinices. Sofrem
deste mal os homens. Outra forte razão de evidente insucesso actual da famosa
instituição, que deixou de ser, é pensar-se que actos não têm consequência.
Outro factor que fragiliza o casamento é de facto, a nova composição da força
de trabalho. Por mais que tentemos negar é a pura verdade em virtude das
proximidades agravadas, com todos ingredientes que propiciam todos os laços
afectivos e emocionais inevitáveis, como mais evidência a forma de nos trajarmos.
Realidade insofismável, porém inevitável.
Longas negociações, os amargos de boca, são os
resultados de choques em pleno fim de casamento, que tem a sua origem num
factor de que sou um acérrimo adversário: mulheres parcialmente emancipadas.
Igual a emancipação restrita feita ao filho aos dezoito anos para tirar carta
de condução. Usufruta do prazer da condução, mas não assume as consequências
dos atropelos. E a legislação atrapalha quanto basta a emancipação efectiva da
mulher. Entre a mulher (parcialmente) emancipada e a independente, eu prefiro a
independente. A mulher independente é a emancipada. Com a mulher emancipada
podes falar do contrato social, casamento, com o realismo requerido a partida:
jogo limpo. Um dos piores factores do casamento nos moldes actuais e nas
condições de hoje é o triste e irracional, bem como descontextualizado, sentido
de posse que se assume. Saber que essa relação está na ordem do princípio de
que; nada é eterno. Talvez assim consiga-se fazer perdurar o efémero em que ele
se tornou.
Nota: imagens do google
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PS: falo aqui da regra, o que de forma nenhuma nega a
excepção. Se estiver na excepção, congratule-se.
(*)Resposta minha: “eu sem ter estado mas haver passado, para mim essa
instituição(?), casamento, tem a mesma (in)utilidade que muro de cemitério.
Agora sou tão prático que aprendi que para comer bife, não preciso de comprar o
restaurante. Citei alguém esclarecido.”
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