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domingo, 9 de setembro de 2012

As mãos da estomatologista

No permeio de suras, papos e cafutchêtchês
email: suraspaposgmail.com
por Lo-Chi

As mãos da estomatologista


Quando a primeira vez ouvi o termo, estomatologia, não o liguei ao significado real. Andei por tomates, tomates de verdade, não naqueles que o amigo leitor esta a pensar, liguei ao estomago, em consequência, longe daquilo que significava de facto. Só após o esclarecimento competente do dicionário, que levo comigo, para resolver problemas de sinónimos, assim como de léxicos, é que passei a saber, que a estomatologia era um ramo da medicina, no qual o médico nele especializado, trata da boca do paciente. E eu que me havia familiarizado apenas com o termo dentista, de facto até e para quem sabe das diversas mazelas que a boca tem, é extremamente redutor o termo dentista.

Nas mazelas que a boca pode ter, uma delas, levou-me a diversos dentistas, em diversos cantos do pais, e sem ver melhorias, até que fui parar a uma estomatologista, na dimensão exacta do termo, a qual me acabou diagnosticando uma gengivite, que punha a sangrar a boca, e fazia com que acordasse com ela ensanguetada. Nem imagina os efeitos que isso tem, mal estar, mau hálito, e amargor sempre constantes, fora os outros que pode adivinhar.

A estomatologista para a qual, por benção de uma amiga de longa data, fui parar, era cubana, loira e boazuda, umas grossas pernas, um olhar meigo, uma simplicidade própria dos cubanos, fácil no trato, simpática, de uma melopeia no falar, de impressionar. Em consequência, fizemo-nos amigos. Mas não pense, caro leitor, que havia coelho nesse mato chamado amizade, posto que em primeiríssimo lugar, não sou, contra tendência, que me parece maioritária, de morrer de paixões por loiras; o meu departamento é outro.

Na amizade criada e recriada, diversas vezes estivemos juntos, ou por que ela precisava de uma boleia, ou por que acabávamos encontrando em círculos, que no fim acabou sendo comum, ou por que para desfazer o tédio, de um ou de outro, nos convidávamos para um restaurante para jantar. Num desses encontros, desta vez acidental, estava ela fazendo umas compras, quando me viu, e me mandou parar, para que lhe desse uma boleia, e com antecedência, pergunta se eu tinha pressa, o que acabei confirmando que não. Compra aqui, compra acolá, de repente, vejo-me ao lado de uma loja, na qual eu, fazia tempos, queria entrar, para comprar um artigo, mas que sempre esquecia-me, e do qual só me lembrava, quando dele necessitava; coisas da idade, dizia-me eu. Vai daí, que informo a loiraça, que enquanto ela entrava numa outra, eu queria ir resolver um pendente antigo. E lá vou eu, atravessando a estrada, para fazer a aquisição adiada. No regresso da minha compra, vejo que ela se dirigia em direcção ao carro, e noto, que há um homem, que num passo acelerado, vai em direcção à ela, e com um safanão, tenta retira-lhe a carteira da mão. Imobilizei-me de cagaço, já antevendo a desgraça. Todavia, a expectativa de um acto de roubalheira, consumado num ápice, gorou-se. Posto que a loira, agarrou a carteira, e puxa daqui e puxa dacolá, o homem que sabia da necessidade de tempo limite e curto, teve que se render a evidência, e frustrado, largou a carteira da senhora, pôs-se a o fresco, numa correria, comparando-se a alguém, ou que havia visto o diabo, ou tentando competir com o Valentino Rossi. E eu que, contrariamente a atitude recomendada aos cavalheiros, cobardemente me havia reduzido, pasmo, numa estátua mirone, vendo a luta a distância, lá vou correndo em socorro(?) da vítima, no estilo do autor das obras acabadas, perguntar, se lhe havia feito algum dano. E ela com um lindo sorriso, diz-me, Provavelmente, tenhas que perguntar ao safado, se não ficou com um músculo torcido, e eu não me contive,  Onde e que foste buscar tanta força, transfiguraste-te, ou a necessidade de preservar o dinheiro fez milagre?, e ela, sempre com um sorriso próprio, e uma voz que não fazia divinhar, Sou estomatologista, esqueceste?, quantas maxilas tenho que repôr no lugar, quantos dentes tenho que arrancar, e tenho quinze anos de carreira, isso deu-me uma força tremenda no braço, e aquele, referindo-se ao pilantra, fez mal as contas.

Pensei cá par amim, com estomatologistas e ortopédicos, não convém um indivíduo meter-se em sarilhos, nem que sejam loiras e boazudas!.


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