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sábado, 25 de agosto de 2012

Os vários conceitos de uma mesma coisa diferenciada



Pessoa, um animal racional ou ser que respira, pensa e comunica; individualidade. Igualmente com outros animais, segundo Hegel, este também tem necessidades naturais e desejos de objectos que lhe são exterior, como por exemplo, alimentos, abrigo e preservação do seu físico. Mas diferentemente daqueles, ele quer ser reconhecido como um ser humano, um ser humano com um certo valor. Anteriormente ao Hegel, já o Platão, falando da alma humana, compunha-a em três partes: a do desejo, a racional, e a do amor próprio. E é no amor próprio, que tem muito que se lhe diga. Enquanto o desejo move as pessoas a procurarem as coisas das quais tem atração, a razão dá-lhes a fórmula de as conseguir, diz o Platão. Todavia, para além de tudo, o ser humano procura o reconhecimento do seu valor, ou das pessoas e das coisas ou princípios a que atribui valor. O Platão, designou a esta parte da alma, de thymos.

População, um conjunto de pessoas de um país ou de um local específico, bem demarcado, indicador estatístico da geografia demográfica. É um elemento de mutação constante; o seu dado nunca é actual, e nunca ninguém saberá exactamente o número desta categoria geográfica, à exemplo de um relógio que cronometra os minutos precisos de um determinado fenómeno acontecendo. Mas contraditoriamente, população só é população, quantificada.

Povo  é um conceito abstrato, o mais abstracto dos abstratos, só existente no dicionário da geografia política, algumas vezes sofrendo algumas mutações, como por exemplo a designação de massas, outras de mão externa e não poucas vezes de reacionários, outras de vândalos e ou marginais.  Tem uma relação de ódio e amor, com o sujeito que o inventou e o tem no seu dicionário. O povo é soberano, é tapete, é instrumento, conforme ocasiões, gosto e circunstância. O povo nunca é sujeito, é objecto. Como elemento abstracto, não se compadece com números, porque povo pode ser um milhão, tanto quanto cem, até, ser eu próprio. A grande mentira informativa da actualidade é a suposta categoria, povo moçambicano, paquitanês, português e/ou argentino. O povo é um conceito exclusivo, e não inclusivo.E o povo gosta de ser povo, porque nem sequer sabe que é povo!

Público. É um sub-conjunto, não se sabe exactamente de quê. Se de povo, é promíscuo, porém, menos prostituido, talvez por isso, pouco ou quase ausente do dicionário político. Se de população, vira otário, enrolam-no para lhe tirarem o pouco do seu bolso, ou maltratarem-no. Neste parámetro, vira a categoria comercial. Assim, o mercado ou melhor o capital, um pouco a exemplo do político, vai-lhe estratificando em: infantil, umas vezes; informado, outras; alvo, quando para lhe atingirem, quer seja o atirador, cientista, artista, chapeiro ou banqueiro.

Cidadão! Este é o mais complicado, do qual, na verdade, o político que se preza, não gosta. Porque cidadão é um ser pensante, com convicções, conhece os seus direitos e luta por eles. Faz valer o conceito de pessoa, onde sabendo que tem desejos, e tem a razão, sabe utilizá-la, faz valer o seu amor próprio, que vezes muitas, choca com a tentativa de instrumentalização do político, por isso, não faz parte do povo. Sendo, nas alturas das eleições, onde as há, os políticos gostam do povo e não do cidadão. Cidadão tem memória, tem opinião formada, muitas vezes dispensa os comícios, onde se vendem inverdades. Cidadão sabe, quando, onde e como, e se deve ou não ir votar, porque tem opinião formada sobre os processos, e não lhe dão a volta ao texto, num mês de campanha. Ser cidadão é nada cómodo! Porém, quem vezes muitas leva o cidadão na sua música, é o capital, com as suas artes e artimanhas, usando e abusando dos seus desejos, manipulando o seu amor-próprio, o seu ego. A campanha que o subjuga é a publicitária. E com ela, acontece a alquimia; de cidadão transmuta cliente, que tem sempre razão!

Chegado a este ponto da razão, apetece-me mudar o título para: a arma de defesa que virou a bala de agressão! E hesito em: a arma do ataque substanciada bala da submissão!


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